domingo, 2 de setembro de 2012

Em última entrevista, padre diz que Igreja Católica "parou há 200 anos"

A Igreja Católica está "200 anos atrás" dos tempos atuais, nas palavras do cardeal italiano Carlo Maria Martini, que morreu na sexta-feira aos 85 anos.
"A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e vazias e a burocracia eclesiástica está crescendo, os nossos ritos religiosos e vestimentas são pomposos", afirmou o cardeal na entrevista, em que propôs uma mudança de direção radical.
Em sua última entrevista, o cardeal afirmou que muitos católicos perderam a confiança na Igreja Católica e defendeu, entre outras adaptações, uma postura mais generosa em relação aos divorciados.
Além disso, ele pediu que a mudança comece no topo com uma "transformação radical, começando pelo papa e seus arcebispos".
Escândalos sexuais
Martini tinha voltado à Itália recentemente, depois de passar os últimos se aprofundando em estudos bíblicos em Jerusalém. "Os escândalos sexuais envolvendo crianças nos obrigam a uma viagem de transformação", disse Martini, referindo-se às várias acusações de pedofilia que surgiram contra líderes católicos nos últimos anos.
O popular cardeal jesuíta era considerado liberal em diversos aspectos e foi muito respeitado pelos papas João Paulo II e seu sucessor, Bento XVI.
Ele não se furtava a tocar em temas que muitos no Vaticano consideram tabu, entre eles, o uso de preservativos para combater a Aids na África e o papel das mulheres no clero.
Analistas afirmam que o papa agora tem pela frente uma decisão difícil: comparecer ou não ao funeral de Martini na segunda-feira – o que, para muitos, seria uma poderosa afirmação da unidade da Igreja Católica.
O cardeal Martini foi um acadêmico e estudioso da bíblia respeitado, além de prolífico autor de livros populares sobre religião.
Sertão Gospel com BBC Brasil

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