sábado, 6 de outubro de 2012

A Politica de Ahmadinejad


A política messiânica de Ahmadinejad
Imediatamente após assumir a presidência do Irã, Mahmoud Ahmadinejad começou a declarar sua crença no retorno iminente do Mahdi como base para suas atividades políticas. A despeito da crença tradicional de que ninguém pode prever a hora do retorno do Mahdi, Ahmadinejad freqüentemente afirmava que a vinda dele estava próxima, e até mesmo fez uma predição específica. Durante uma reunião com o ministro de Relações Exteriores de um país islâmico, ele disse que a crise no Irã “era um presságio da vinda do Imã Oculto (ou Escondido), que apareceria dentro dos próximos dois anos”.[1] Em um discurso feito em dezembro de 2006 em Kermanshah, Ahmdinejad desejou aos cristãos um Feliz Natal, e disse: “Eu, neste ato, anuncio que, com a ajuda de Deus, não está longe o dia em que Jesus voltará ao lado do Imã Oculto”.[2]
Ahmadinejad não apenas desejava proclamar a iminente vinda do Mahdi e, desta forma, dar legitimidade a sua política e suas ações ao associá-las com o Imã Oculto, como também se apresentou como sendo aquele que está em conexão direta com Deus. Em um discurso sobre o programa nuclear do Irã, ele afirmou ter “uma conexão com Deus” e exortou os iranianos a serem crentes verdadeiros para que Deus os apoiasse em sua luta justa em favor da tecnologia nuclear.
“Creiam[-me], falando legalmente, e aos olhos da opinião pública, nós fomos absolutamente bem sucedidos. Falo isso com conhecimento de causa. Certa pessoa me perguntou: ‘Você realmente possui uma conexão? Com quem?’ Eu respondi: ‘Tenho uma conexão com Deus’, uma vez que Deus disse que os infiéis não terão como fazer mal aos crentes. Bem, [mas] apenas se formos crentes, porque Deus disse: Vocês [serão] os vitoriosos. Mas os mesmos amigos dizem que Ahmadinejad diz coisas estranhas.
Se nós formos [verdadeiramente] crentes [islâmicos], Deus nos mostrará a vitória, e este milagre. Hoje é necessário que um camelo fêmea surja do coração da montanha[3] para que meus amigos aceitem o milagre? Não foi a Revolução [Islâmica] [suficientemente] miraculosa? O Imã [aiatolá Khomeini] não foi um milagre?”.[4]
Ahmadinejad também se apresentou como aquele que está inteirado das intenções e ações de Deus, o que se refletiu em sua afirmação de que “Deus designou o Imã Oculto para ser nosso sustentador”.[5] A reivindicação de ter um relacionamento direto com Deus também ficou evidenciada no discurso que ele fez quando de seu retorno ao Irã após ter se pronunciado na Assembléia Geral da O.N.U., em 2005. Ahmadinejad afirmou que, à medida que ele estava fazendo seu pronunciamento na O.N.U., sentiu-se “rodeado por um halo de luz” simbolizando a natureza messiânica de sua mensagem às nações do mundo.[6]
Os discursos de Ahmadinejad têm sido caracterizados pelo uso de termos messiânicos e pela ênfase na necessidade de preparar o terreno para o retorno do Mahdi.[7] Por exemplo, em um discurso feito em maio de 2007 na província de Kerman, ele disse: “Temos uma missão – fazer do Irã o país do Imã Oculto”.[8]
Como parte do compromisso dos ministros iranianos com essas preparações, e a partir da sugestão de Parviz Daoudi, assessor sênior de Ahmadinejad, eles assinaram um compromisso de fidelidade a Ahmadinejad.[9]
De acordo com sua política messiânica, Ahmadinejad também endossou uma tradição folclórica iraniana-xiita que afirma que o Imã Oculto dá importância especial à mesquita Jamkaran, em Qom – uma tradição que não tem sido apoiada pelas autoridades religiosas conservadoras.[10] Como parte dessa política, o ministro Iraniano da Cultura e da Orientação Educacional Islâmica, Mohammad Hossein Saffar Harandi, recebeu a ordem de jogar o compromisso de fidelidade dos ministros em um poço no pátio da mesquita Jamkaran, onde os crentes jogam suas orações e pedidos pessoais.
Blackstone
De acordo com sua política messiânica, Ahmadinejad também endossou uma tradição folclórica iraniana-xiita que afirma que o Imã Oculto dá importância especial à mesquita Jamkaran, em Qom – uma tradição que não tem sido apoiada pelas autoridades religiosas conservadoras.
Ahmadinejad também alocou 10 milhões de dólares para a renovação da mesquita e de seus arredores em preparação para o retorno do Mahdi, e, em 2005, gastou em torno de 8 milhões de dólares em refrigerantes para os peregrinos durante a celebração do aniversário do Mahdi.[11] O encorajamento do regime ao mahdismo também fica evidente no conteúdo do site do serviço de notícias do governo do Irã. Por exemplo, o site apresenta informações sobre a série iraniana de televisão chamada “O Mundo em Direção à Iluminação”, que trata da chegada iminente do Mahdi.[12]
Deve-se observar que as manifestações políticas das crenças messiânicas de Ahmadinejad eram evidentes mesmo antes de sua eleição à presidência do país. De acordo com relatos, durante seu mandato como prefeito de Teerã (2003-2005), a municipalidade imprimiu um mapa da cidade que mostrava, dentre outras coisas, o roteiro que será empreendido pelo Mahdi quando de seu retorno.[13]

Nenhum comentário: