quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Papa reforça o papel de líder mundial - Reveja


Em visita a Cuba e aos Estados Unidos, Francisco reafirma questões cruciais da atualidade, de interesse não apenas dos católicos




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       Com as visitas a Cuba e aos EUA, realizadas numa mesma viagem durante esta semana, o Papa Francisco mais uma vez foi além do campo meramente religioso e reforçou o papel de um dos líderes mundiais da atualidade. Os encontros com Raúl Castro e Barack Obama de certo modo coroam esforços de mediação do Pontífice no processo de reaproximação entre os dois países, após mais de meio século de embargo econômico, um último resquício da Guerra Fria.

        Os temas abordados por Francisco não concernem apenas aos cerca de 1,25 bilhão de católicos no mundo. Ao não se esquivar de matérias centrais, como liberdade, imigração, pobreza e meio ambiente, o Papa recoloca a Igreja no centro dos problemas cruciais do século XXI, e revigora seu Pontificado, por meio de uma diretriz mais pastoral do que doutrinária.

       De certo modo, a atuação do Papa argentino evoca a de João Paulo II, que, como polonês, teve um papel importante ao ajudar a guiar os países do Leste europeu de volta à democracia, em meio ao processo de esfacelamento da ex-União Soviética. Francisco, por sua vez, acalanta a ideia de as Américas unidas em torno de questões contemporâneas, que ele vem enfatizando em seus discursos: o clima, as condições de vida dos mais pobres e os direitos humanos.

       Em Cuba, encerrou sua missa campal, lembrando que não são as ideologias que interessam, mas as pessoas. Nos EUA, Francisco conclamou os parlamentares da nação mais poderosa do planeta a usar seu poder para curar “as feridas abertas” num planeta atormentado por ódio, cobiça, pobreza e poluição. 

       Ele citou Abraham Lincoln e o reverendo Martin Luther King Jr. para chamar a atenção dos congressistas — num momento em que a imigração se tornou tema central da campanha eleitoral — para o problema dos refugiados que circulam pelo mundo em diásporas distintas, em fuga de miséria, guerras e perseguições políticas, étnicas e religiosas. Ele classificou o tratamento dado aos imigrantes na fronteira com o México como desumano.

        Francisco acerta ao encarar tabus, como divórcio, casamento entre pessoas do mesmo sexo, contracepção e aborto. Sem mudar a posição da Igreja, o Papa desconstrói a obsessão dogmática e orienta que se adotem posturas mais indulgentes, inclusive a concessão do perdão a mulheres que abortarem e se arrependerem. O Pontífice também tem enfrentado com firmeza as denúncias de corrupção no Banco do Vaticano e determinou a punição dos envolvidos em casos de pedofilia.

       Mas é o foco nas questões social e ambiental em seu Pontificado que tem aproximado a Igreja às pessoas, sobretudo na América Latina. No primeiro caso, o Papa diz que todo pobre tem “o direito sagrado” à moradia, ao trabalho e à terra. Já ma encíclica Laudato Si’, Francisco declara que “a Terra é nossa casa” e conclama os fiéis a se engajarem na luta contra o aquecimento global.




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