Delator que acusou Cunha também fez repasse à igreja
Nos últimos meses o Brasil vem sendo sacudido por uma série de escândalos relacionados ao desvio de dinheiro da Petrobras, revelada pela operação “Lava Jato” da Polícia Federal.
Além de uma série de políticos de alto escalão, muitas empresas tiveram seus sigilos bancários quebrados, mostrando quem recebeu dinheiro vindo do desvio de verbas federais.
O jornal O Estado de São Paulo, na sua edição de sexta (31) mostra que as empresas do lobista Júlio Camargo entregaram R$ 125 mil a uma igreja ligada ao ministério Assembleia de Deus Madureira, por indicação do presidente da Câmara dos Deputados
A igreja fica em Campinas (SP). Os documentos apresentados pela empresa Treviso, utilizada por Camargo para repassar propinas no esquema de corrupção. Até o momento, nem o pastor da igreja nem a defesa de Júlio Camargo deram explicações sobre o repasse.
As empresas do lobista também fizeram doações para campanhas de políticos no total de R$ 1 milhão. Entre os citados estão o líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT), que recebeu R$ 200 mil em 2010, e a senadora Marta Suplicy (sem partido), com R$ 100 mil também em 2010. Também foi realizado um depósito de R$ 150 mil ao diretório nacional do PMDB.
Camargo tem sido delator na tentativa de ser beneficiado pela justiça. A Polícia Federal comprovou que a quantia foi repassada entre 2008 e 2014. A movimentação é a única que beneficiou uma instituição religiosa. O delator disse à Justiça que fez o depósito após ser “pressionado” pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a pagar propina de US$ 5 milhões.
O deputado, um dos líderes da bancada evangélica, frequenta cultos da Assembleia regularmente. Em fevereiro deste ano, Cunha esteve em um culto de ação de graças por sua eleição para a Presidência da Câmara na sede da Assembleia de Deus Madureira, no Rio de Janeiro. Cunha era ligado à igreja Sara Nossa Terra há 20 anos, mas durante o culto afirmou que trocou de denominação e agora é membro da AD.
Na ocasião, o presidente do ministério Madureira no Rio, pastor Abner Ferreira, afirmou: “Satanás teve que recolher cada uma das ferramentas preparadas contra nós. Nosso irmão em Cristo é o terceiro homem mais importante da República”.
Abner é irmão do pastor Samuel Ferreira, que lidera a Assembleia de Deus no Brás, em São Paulo. É o nome de Samuel que aparece no registro da Receita Federal como presidente da Assembleia de Deus Madureira em Campinas, que recebeu o dinheiro da empresa de Júlio Camargo.
Segundo O Estado de São Paulo, a assessoria do pastor Samuel Ferreira informou que ele não iria se manifestar sobre o caso. Eduardo Cunha não foi encontrado para comentar o episódio.
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